Crise estimula roteiros turísticos pelo nordeste nas férias de julho
As férias de julho não perderam a fama provocada pelos altos preços, porém, resistem ao desaquecimento da economia, com algumas mudanças de curso do turismo. Diante da alta do dólar, boa parte dos brasileiros tem preferido os destinos nacionais para curtir o período prolongado de descanso. As praias do Nordeste se mantêm na condição de vedetes. Os resorts viraram a bola da vez para quem não quer correr o risco de gastar mais do que o orçamento planejado e há promoções de agências, companhias aéreas e também de alguns hotéis, que estão deixando de cobrar diárias de crianças de até 12 anos. Entre as opções mais em conta, é possível passar sete dias em Porto Seguro, no Sul da Bahia, ao custo de R$ 888.
Comparar o custo da viagem com as despesas no mesmo período de 2014 poderá provocar distorções, já que no ano passado o Brasil vivia o auge da Copa do Mundo e, claro, os preços estavam nas alturas por uma viagem nacional. As ofertas de algumas agências, hoje, nessa comparação, estariam cerca de 30% mais baratas em relação ao período em que o país sediou a Copa. A operadora CVC fez uma pesquisa junto à rede de varejo da marca e identificou mudança no comportamento dos consumidores. Em junho, o principal fator de decisão do cliente, no ato da escolha da viagem, não foi mais o “destino turístico em si” e, sim, a relação de custo/benefício oferecidos pelo destino, informou a assessoria de imprensa da companhia.
Segundo a empresa, como os brasileiros viajaram muito nos últimos anos e enfrentam, agora, um freio imposto ao consumo, a busca pela ‘pechincha’ tem feito o setor a criar oportunidades. Os destinos mais procurados têm em comum vantagens como gratuidade para crianças na hospedaegem (em plena alta temporada), hóteis com regime all inclusive, dárias grátias e passeios inclusos no pacote. A CVC oferece opções de sete noites para Macéio a partir de R$1,4 mil por pessoa, em apartamento duplo, incluindo passagem áerea, café da manhã e traslado.
“Os clientes têm prefeiro o sistema de resort All Inclusive, porque pagam aqui o pacote e sabem que, ao chegarem ao destino, não têm mais custos extras. Não terão que gastar com os pedidos das crianças para comprar um picolé, um refrigerante, por exemplo, já que são produtos já inclusos”, comenta a gerente de vendas da Master Turismo, Alexandra Peconick. Segundo ela, além da busca por resorts, há uma outra mudança de comportamento, a preferência pelas cidades brasileiras.
Se no passado as férias de julho, havia um equilíbrio entre as viagens nacionais e internacionais, agora, com a alta do dólar, a busca dos clientes têm sido por terras brasileiras, principalmente, o Nordeste. Alexandra afirma que ainda há ofertas para quem quer viajar, mas, deixar para última hora, implica em horários de voos mais limitados, e quartos nem sempre da prefência do cliente.
A analista de redes sociais Daniela Nunes, de 28 anos, observou, neste ano, que a antecedência faz a diferença e que tem havido, sim, boas oportunidades, a despeito do momento de retração na economia. Ela e o namorado ucraniano Pavlo Cheplyaka, de 29, decidiram viajar para os Lençõis Maranheses ainda em março, e optaram por conhecer, também, o Maranhão, e as cidades de Atins, Maragogi(Alagoas) e Porto de Galinhas (Pernambuco). Todo o roteiro custou cerca de R$ 2,5 mil, ou, R$ 1,2 mil por pessoa. “Conseguimos uma promoção na passagem que valeu muito a pena. Pagamos R$ 446 em duas passagens para São Luis. Foi muito barato. Não vejo que as coisas estão mais em conta, tudo depende das promoções relâmpago e da sorte”, comenta Daniela.
Bilhetes aéreos em nova oferta - As viagens de lazer estão, ainda, se beneficiando da redução dos preços das passagens aéreas voltadas ao turismo de negócios. A Azul Linhas Aéreas, por exemplo, oferece promoções de voos de Belo Horizonte para o Rio de Janeiro por R$ 139,90, saindo do Aeroporto da Pampulha, e de R$ 258,90 para Aracaju, ida e volta. “Os voos aéreos tiveram uma retração muito forte pela procura do turismo de negócios e isso fez com que os bilhetes aéreos ficassem mais baratos”, afirma o diretor da Freeway Turismo, Arnaldo Werblowsky. Ele comenta que, na empresa, especializada em turismo de aventura, os preços estão estáveis.
“Não temos valores inferiores do ano passado, mesmo porque o nosso fluxo de clientes não diminuiu. O que percebemos, neste momento da economia, é uma substituição das viagens de negócios. Com a situação atual, o executivo, pessimista com o desaquecimento da economia, acha que não vai valer a pena viajar para fechar negócio e opta pelo lazer”, observa.
Frente a retração econômica e com a alta do dólar, mesmo quem quer viajar para fora nesta época tem escolhido a viagem com base nos preços. Na CVC, Punta Cana, região da República Dominicana conhecida por ser resorts, está em segundo lugar nos destinos internacionais oferecidos pela empresa, sendo que, até o ano passado, ocupava a quarta colocação. Os Estados Unidos são o primeiro destino. Punta Cana, Cancun e Buenos Aires seguem nesta ordem. (Matéria originalmente publicada pelo site em.com.br)